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O HOMEM ACREDITOU... (Jo 4, 43-54)

Antonio Carlos Santini

3/31/2025

Neste Evangelho, que é que deve chamar nossa atenção? O divino poder de Jesus, capaz de curar um doente a quilômetros de distância? Ou a fé humana de um homem movido pelo amor paterno?

O homem em questão era alguém da corte de Herodes, um “funcionário real” [basilikós, no original grego], que certamente acompanhava os boatos e as fofocas palacianas, nas quais o nome de Jesus era moeda corrente. Eis que seu filho adoece gravemente. O cortesão decide apelar para um poder acima das hierarquias humanas e se desloca pessoalmente de Cafarnaum até Caná da Galileia.

Logo em Caná, aquela aldeia onde 600 litros de água foram mudados em vinho bom? (Cf. Jo 2) E aquele que mudava a água também podia mudar os corpos? O funcionário real acreditava que sim... E diante de sua insistência com o Mestre, ele ouve como resposta: “Vai embora, teu filho vive”.

Dom Claude Rault, bispo da diocese do Saara africano, comenta a passagem:

“O que é crer? Esta é a pergunta que podemos fazer-nos ao final do sinal realizado, o segundo de Jesus, neste Evangelho. Por uma segunda vez, nos é dito que o homem acreditou. E desta vez com toda a sua família (Jo 4,53).

Parece que o evangelista quis dizer-nos, de início, que crer é acolher a Palavra de Jesus, acolher a Jesus naquilo que ele diz. Simplesmente. Não é por acaso que ele colocou o Prólogo como pórtico de entrada para todo o seu Evangelho.

Acolher a Palavra. Não como uma palavra entre as outras. Mas como encarnada, viva e atuante em minha vida. Como um fermento portador de vida. A todos aqueles que o receberam, ele deu o poder de se tornarem filhos de Deus... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,12.14). Ora, mesmo encarnada, a Palavra de Jesus não é somente uma palavra humana. Ela não é somente um vocábulo. A Palavra de Jesus é o próprio Jesus. Crendo na palavra de Jesus, o homem acreditou no próprio Jesus, Verbo feito carne. Crer, essencialmente, é acolher Jesus em minha vida como pessoa, como uma pessoa que me vem de Deus. Como o próprio Deus que vem a meu encontro.”

Nós temos várias palavras da mesma família, com a mesma raiz: crer / crédito / descrédito / crença / acreditar. Aquele que acredita dá crédito. Quem não acredita, manifesta descrédito. Já o pai desta passagem do Evangelho deu crédito à Palavra de Jesus. Tenho a certeza de que ele jamais se esquecerá daquela “palavra”.

E nós? Ainda damos crédito ao Filho de Deus?

Orai sem cessar: “Eu sei em quem acreditei...” (2Tm 1,12)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de São Lucas, Cap. 11, 14-23.

Jesus na Galileia —43 Depois daqueles dois dias, ele partiu de lá para a Galileia. 44 O próprio Jesus havia testemunhado que um profeta não é honrado em sua própria pátria. 45 Quando, pois, ele chegou à Galileia, os galileus o receberam, tendo visto tudo o que ele fizera em Jerusalém, por ocasião da festa: pois também eles tinham ido à festa.

Segundo sinal em Caná: cura do filho de um funcionário real —46 Ele voltou novamente a Caná da Galileia, onde transformara água em vinho. Havia um funcionário real, cujo filho se achava doente em Cafarnaum. 47 Ouvindo dizer que Jesus viera da Judéia para a Galileia, foi procurá-lo, e pedia-lhe que descesse e curasse seu filho, que estava à morte. 48 Disse-lhe Jesus: “Se não virdes sinais e prodígios, não crereis”. 49 O funcionário real lhe disse: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!” 50 Disse-lhe Jesus: “Vai, o teu filho vive”. O homem creu na palavra que Jesus lhe havia dito e partiu. 51 Ele já descia, quando os seus servos vieram-lhe ao encontro, dizendo que o seu filho vivia. 52 Perguntou, então, a que horas ele se sentira melhor. Eles lhe disseram: “Ontem, à hora sétima, a febre o deixou”. 53 Então o pai reconheceu ser precisamente aquela a hora em que Jesus lhe dissera: “O teu filho vive” e creu, ele e todos os da sua casa. 54 Foi esse o segundo sinal que Jesus fez, ao voltar da Judéia para a Galileia.

Fonte: Bíblia de Jerusalém

IMAGEM DE CAPA:

A Criança Doente

John Bond Francisco / 1893

Óleo sobre tela

© Smithsonian American Art Museum, Washington

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