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O HOMEM FORTE... (Lc 11, 14-23)

Antonio Carlos Santini

3/27/2025

Neste Evangelho, Jesus acaba de expulsar o demônio que reduzia um infeliz à completa mudez. A súbita recuperação de sua fala deixa a multidão mergulhada no espanto. Claro, não vou perder tempo a justificar a realidade da existência do espírito maligno para aqueles que traduzem o fato em diagnósticos psicológicos ou psicossomáticos. Não tenho tempo a perder com palpites.

Sempre haverá alguém que se recuse a reconhecer o poder de Jesus Cristo, Filho de Deus encarnado. Até mesmo seus rudes adversários daquela época também foram testemunhas oculares da ação de Jesus e, não podendo negar o fato, tentam subverter a fonte de seu poder: ele estaria usando a força do demônio contra o próprio demônio. No fundo, esta é uma forma usual de negar o poder divino... Jesus, porém, imediatamente leva os contestadores ao ridículo, mostrando-lhes que um reino dividido (inclusive o de Satã) não se mantém de pé. Sua divisão seria a sua própria ruína.

No final desta lição inesperada, Jesus se refere ao “homem forte” (v. 21) que procura manter seus bens em segurança, confiando na própria armadura. E são numerosas essas “armaduras” humanas: diplomas, tecnologias de ponta, apoio político, projetos econômicos. Também no seio da Igreja multiplicam-se as armaduras: projetos pastorais, campanhas de marketing cristão, planejamentos por eixos. É perigoso confiar na armadura. Perguntem a Golias...

Até que entra em cena o homem “mais forte” (Lc 11,22) e despoja inteiramente o homem forte, que perde até a própria couraça, para irrisão de todos. E o mais forte não é Satã, como poderia parecer: é o próprio Cristo. E ninguém conseguirá a vitória se não estiver unido inteiramente a ele.

Toda empresa humana – seja ela secular ou eclesial – que se lança à ação apoiada apenas em recursos humanos, técnicas de propaganda ou habilidades pessoais, caminha inevitavelmente para o desastre. É que a edificação do bem é sempre inseparável do combate contra o mal. O maligno (basta ler a vida dos santos) jamais ficará neutro diante do esforço humano, mas usará de todos os meios para minar a obra, começando por seduzir e corromper os obreiros.

Aqueles que tentavam fazer o bem por conta própria, contando apenas consigo mesmos e seus próprios recursos, testemunham contra Cristo, considerando-o como dispensável. Que foi que disse o Mestre? “Quem não está comigo, está CONTRA mim, e quem não recolhe COMIGO, espalha”. (Lc 11,23)

Orai sem cessar: “O Senhor é minha força e meu escudo!” (Sl 28,7)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de São Lucas, Cap. 11, 14-23.

Jesus e Belzebu —14Ele expulsava um demônio que era mudo. Ora, quando o demônio saiu, o mudo falou e as multidões ficaram admiradas. 15Alguns dentre eles, porém, disseram: “É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios”. 16Outros, para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal vindo do céu. 17Ele, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: “Todo reino dividido contra si mesmo acaba em ruínas, e uma casa cai sobre outra. 18Ora, até mesmo Satanás, se estiver dividido contra si mesmo, como subsistirá seu reinado?… Vós dizeis que é por Belzebu que eu expulso os demônios; 19ora, se é por Belzebu que eu expulso os demônios, por quem os expulsam vossos filhos? Assim, eles mesmos serão os vossos juízes. 20Contudo, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus já chegou a vós. 21Quando um homem forte e bem armado guarda sua moradia, seus bens ficarão a seguro; 22todavia, se um mais forte o assalta e vence, tira-lhe a armadura, na qual confiava, e distribui seus despojos. 23Quem não está a meu favor está contra mim, e quem não ajunta comigo, dispersa.

Fonte: Bíblia de Jerusalém

IMAGEM DE CAPA:

CRISTO CURANDO O HOMEM POSSUIDO

Desenho de Jacob Jodaens / 1650-1655

Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia.

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