a cup filled with smoke sitting on top of a table

O SINAL DE JONAS (Mt 12,38-42)

OS EVANGELHOSPRMT 12

Antonio Carlos Santini

7/21/2025

Lembra-se de Jonas, o profeta teimoso que tentou fugir de sua missão e acabou na barriga de um grande peixe do mar? Após três dias e três noites nas entranhas do Xeol e no coração do mar (cf. Jn 2,3-4), com um colar de algas marinhas enlaçando-lhe o pescoço, Jonas clamou por Deus e foi prontamente devolvido à superfície das águas, são e salvo. É belíssimo o salmo que ele reza naquela passagem do Antigo Testamento!

Jesus Cristo recorre à experiência de Jonas – do conhecimento de todos os seus ouvintes – para fazer alusão à sua própria ressurreição “ao terceiro dia”. Este seria o único “sinal” dado aos que duvidavam de sua missão messiânica. Na falta da fé, clamavam por demonstrações de poder...

Bem, nós corremos o mesmo risco... Podemos avaliar que nossa vida espiritual anda meio rotineira, que não basta cumprir os mandamentos, amar o próximo, viver uma vida sacramental. Aí, nasce em nossas circunvoluções cerebrais a ânsia por algum milagre, algum prodígio, algumas aparições, enfim, algo fora do comum.

E lá vamos nós em peregrinações a locais de supostos fenômenos místicos, ou a grupos onde se manifestam os dons mais extravagantes. No fundo, sintomas de inquietação interior, de gula espiritual, de falta de abandono infantil nas mãos do Pai que nos ama...

Os autores espirituais já nos ensinaram a buscar pelo Deus dos sinais, e não pelos sinais de Deus. O próprio Jesus fez uma advertência a Tomé, que afirmava crer somente sob a condição de ver: “Felizes os que, sem terem visto, acreditam!” (Jo 20,29.)

De fato, se dependêssemos de uma enxurrada de sinais para crer em Deus, para atender ao chamado, para assumir a missão, ficaríamos para sempre sentados no meio-fio, esperando a banda passar. A vida dos santos revela que eles passaram longos anos sem nenhum “sinal de vida” da parte do Senhor que os atraíra, seduzira e, a seguir, escondeu-se na nuvem.

Como Madre Teresa de Calcutá – só o soubemos depois de sua beatificação! -, que passou mais de quatro décadas no mais absoluto deserto interior. E essa aridez não impediu que se dedicasse de alma e coração à missão de amar os abandonados.

Orai sem cessar: “Cumprirei os meus votos para com o Senhor!” (Sl 116,5)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de São Mateus, Cap. 12, 38-42.

O sinal de Jonas —38Nisso, alguns escribas e fariseus tomaram a palavra dizendo: "Mestre, queremos ver um sinal feito por ti”. 39Ele replicou: “Uma geração má e adúltera” busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal do profeta Jonas. 40Pois, como Jonas esteve no ventre do monstro marinho três dias e três noites, assim ficará o Filho do Homem três dias e três noites no seio da terra. 41Os habitantes de Nínive se levantarão no Julgamento, juntamente com esta geração, e a condenarão, porque eles se converteram pela pregação de Jonas. Mas aqui está algo mais do que Jonas! 42A Rainha do Sul se levantará no Julgamento juntamente com esta geração e a condenará, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Mas aqui está algo mais do que Salomão!

IMAGEM DE CAPA:

O SARCÓFAGO DE JONAS

Museu do Vaticano

Este famoso sarcófago (c. 300), reduzido no século XVIII apenas à parte frontal, foi descoberto no canteiro de obras da nova Basílica de São Pedro no final do século XVI. Ele oferece o mais belo exemplo do ciclo escultórico que os primeiros artistas cristãos dedicaram à história de Jonas. À esquerda, encontra-se a cena dos marinheiros que lançam o profeta do navio, dando-o de comer ao "peixe grande", que aqui se transforma num monstro marinho. O monstro então rejeita espetacularmente o profeta, depositando-o sobre uma rocha habitada por animais, na qual ele finalmente se reclina, mais acima, à sombra de uma mamona que Deus providencia para restaurá-lo. Outras cenas são reconhecíveis no vasto campo iconográfico: a ressurreição de Lázaro, as duas cenas apócrifas de Pedro batizando seus carcereiros e de Pedro sendo preso, e, finalmente, as figuras simbólicas de pescadores e de um pastor com seu rebanho. O pouco que resta das laterais do sarcófago apresenta motivos vegetais decorativos (cachos de cerejas).

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