
OS DEMÔNIOS FORAM PARA OS PORCOS.(Mt 8,28-34)
OS EVANGELHOSMT 8PR
Antonio Carlos Santini
7/2/2025
Desde que a soberba onda racionalista saltou elegantemente das academias filosóficas para os institutos de teologia, virou moda negar a existência de anjos e demônios, logo transferidos para a estante da mitologia. Digamos a verdade: o tema tornou-se ocasião de risos e piadas.
Com isso, nasceu uma nova “exegese” da Escritura Sagrada que atribui as referências a demônios ao primitivismo dos evangelistas e de sua época. Explicam esses doutos racionalistas que os povos antigos desconheciam os fenômenos parapsicológicos, e mesmo doenças mentais e neurológicas, a ponto de confundirem alucinações e casos de epilepsia com a ação de “espíritos impuros” [pneumata akathárta, no grego], como são chamados nos Evangelhos.
Ora, enquanto os infelizes que rolavam pelo chão ou arrebentavam correntes de ferro eram apenas pessoas humanas, o argumento até que poderia ser justificado. Histeria? Alucinações coletivas? Quando, porém, a imaginada “epilepsia” se transfere aos suínos (sic), desafiando todos os conhecimentos da mais moderna ciência médica, fica bem difícil encaixar o fenômeno nos compêndios de parapsicologia, neurologia ou psiquiatria. Pobres dos porquinhos!
Será que Jesus Cristo – que se apresenta como “a Verdade” (cf. Jo 14,6) – teria mantido seus contemporâneos na ignorância em matéria tão grave? Ele ainda falaria de “maus espíritos” ou “demônios” se aqueles fenômenos se reduzissem simplesmente a desequilíbrios do humano psiquismo?
Por outro lado, o vocabulário dos evangelistas distingue claramente as doenças [nóson / astheneía] dos casos típicos de possessão demoníaca [daimonizômenoi]. Aliás, um é o verbo para “curar” as doenças [therapêuein, iáomai], outro é o verbo para “expulsar” demônios [ek-bállo].
Por fim, já não é possível confundir exorcismos com tratamento médico, quando o próprio Jesus afirma aos 72 discípulos que voltavam, alegres, de sua primeira missão evangelizadora: “Eu vi Satã cair do céu como um relâmpago”. (Lc 10,18)
Se os egrégios docentes de teologia trocassem suas assépticas salas de aula por um estágio nos confessionários ou nas equipes de aconselhamento, certamente seriam convencidos da existência dos demônios, já que não lhes basta a audiência dos noticiários da TV...
Orai sem cessar: “Senhor, tu és meu auxílio e meu libertador!” (Sl 70,6b)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo
Leia aqui o Evangelho...
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus cap. 8, 28-34.
Os endemoninhados gadarenos —28 Ao chegar ao outro lado, ao país dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois endemoninhados, saindo dos túmulos. Eram tão ferozes que ninguém podia passar por aquele caminho. 29 E eis que se puseram a gritar: “Que queres de nós, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?”30 Ora, a certa distância deles havia uma manada de porcos que estava pastando. 31 Os demônios lhe imploravam, dizendo: “Se nos expulsas, manda-nos para a manada de porcos”. 32 Jesus lhes disse: “Ide”. Eles, saindo, foram para os porcos e logo toda a manada se precipitou no mar, do alto de um precipício, e pereceu nas águas. 33 Os que os apascentavam fugiram e, dirigindo-se à cidade, contaram tudo o que acontecera, inclusive o caso dos endemoninhados. 34 Diante disso, a cidade inteira saiu ao encontro de Jesus. Ao vê-lo, rogaram-lhe que se retirasse do seu território.
Bíblia de Jerusalem
"CURANDO OS POSSUÍDOS"
Pintura decorativa da Tribuna
Igreja de São Mateus, Colmar, França

