
OVELHAS ENTRE LOBOS (Mt 10,16-23)
OS EVANGELHOSMT 10PR
Antonio Carlos Santini
7/11/2025
Ao instruir os apóstolos que saíam em sua primeira missão evangelizadora, Jesus não lhes promete facilidades, mas faz um alerta sobre os lobos à espera dos cordeiros. Em nenhum momento, porém, o Mestre ensina que, diante do ataque furioso das alcateias, os cordeiros devam assumir o papel de lobos. Assim sendo, a legião de mártires das Igrejas cristãs que ornam a história da humanidade não deve ser motivo de espanto nem de reclamações contra Aquele que os envia, mas apenas a certeza de que o anúncio da Boa Nova se faz exatamente ao custo da própria vida.
Santo Efrém de Nisíbia [+373] reflete sobre o tema:
“Ao lado da perseguição aberta, existe uma perseguição oculta. Se a perseguição aberta não existe em todos os tempos, a perseguição oculta sempre existe, e esta trabalha em ti.
Se o ódio te persegue, mostra a caridade.
Se a inveja te persegue, mostra a doçura.
Se a concupiscência te persegue, sê perfeitamente casto.
Se a injustiça te persegue, mostra a justiça.
Se o dinheiro te persegue, confessa nosso Senhor, o Senhor de todos.
Todos estes perseguidores perseguiram os confessores em períodos de paz, e é porque eles se distinguiram, graças a estes perseguidores ocultos, que eles foram coroados abertamente.
Exercita-te contra os perseguidores que não se veem, a fim de que possas resistir àqueles que se veem.
Se os perseguidores que estão em ti levam vantagem, como pensas vencer aqueles que estão fora?”
Esta lição de Santo Efrém mostra que é impossível fazer frente aos perseguidores externos quando já nos deixamos vencer pelos perseguidores internos. O martírio apenas vem coroar uma guerra surda realizada antes no coração do homem.
Se não vencesse previamente os demônios internos do medo e do desânimo, o Arcebispo Van Thuan, de Saigon, que passou 13 anos nos cárceres comunistas do Vietname, não teria permanecido fiel à sua missão.
É hora de parar com reclamações e lamentos. Jesus nunca disse que seria fácil...
Orai sem cessar: “O Senhor é minha força e meu escudo!” (Sl 28,7)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo
Leitura do Evangelho de São Mateus, Cap. 10, 7-15.
16 Eis que eu vos envio como ovelhas entre lobos. Por isso, sede prudentes como as serpentes e sem malícia como as pombas.
Os missionários serão perseguidos —17Guardai-vos dos homens: eles vos entregarãoaos sinédrios e vos flagelarão em suas sinagogas. 18E, por causa de mim, sereis conduzidos à presença de governadores e de reis, para dar testemunho perante eles e perante as nações. 19Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados em saber como ou o que haveis de falar. Naquele momento vos será indicado o que deveis falar, 20porque não sereis vós que estareis falando, mas o Espírito de vosso Pai é que falará em vós. 21O irmão entregará o irmão à morte e o pai entregará o filho. Os filhos se levantarão contra os pais e os farão morrer. 22E sereis odiados por todos por causa do meu nome. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo. 23Quando vos
perseguirem numa cidade, fugi para outra. E se vos perseguirem nesta, tornai a fugir para uma terceira. Em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel até que venha o Filho do Homem.
O MARTÍRIO DE SÃO PAULO MIKI E COMPANHEIRO EM NAGASAKI
Em 5 de fevereiro de 1597, São Paulo Miki (1564-1597), um escolástico jesuíta, e outros 25 foram martirizados em Nagasaki. Esta pintura mostra os mártires jesuítas do Japão que foram torturados e executados em Nagasaki naquele século. Depois de 1614, muitos cristãos japoneses fugiram para Macau e Manila. Foi pintada por um pintor japonês anônimo por volta de 1635. A pintura está preservada na Chiesa del Gesù, Roma, Itália. Esta pintura é relativamente grande (110 x 220 cm). Era originalmente uma aquarela pintada em papel. Só mais tarde foi repintada a óleo, presa a uma tela e emoldurada, como pode ser encontrada hoje (D'Orazio, 2008). Produzida em um estilo inquestionavelmente kirishitano, a pintura retrata 44 jesuítas que foram martirizados de diferentes maneiras no Japão, começando com a primeira perseguição. A pintura tem três níveis separados. O nível superior representa a glória: em meio às nuvens, e ladeados por dois anjos, erguem-se as figuras de Francisco Xavier, São Paulo Miki e dois companheiros jesuítas crucificados em Nagasaki em 1597. Eles são reconhecidos como mártires por Roma, Paulo Miki, John Soan de Goto e James Kisai. O segundo nível (meio) mostra cristãos queimados na fogueira, decapitados e aqueles que viviam em segredo (cabana) ou exilados (galeão, abandonados em uma praia). O terceiro nível (embaixo) mostra pessoas submetidas ao "tormento das covas" (sendo suspensas de cabeça para baixo sobre um poço). Elas eram torturadas pendurando-as sobre um poço cheio de excrementos. Eles cortavam fendas ao redor de suas têmporas para aliviar a pressão para que morressem mais lentamente. O objetivo era quebrar a determinação daqueles que se recusavam a renunciar à sua fé.

