
PARA QUE ELES SEJAM UM (Jo 17,11b-19)
Antonio Carlos Santini
6/4/2025
O clima de despedida que envolve a Última Ceia de Jesus com seus discípulos não poderia evitar um sentimento de urgência. O Mestre aproveita para deixar seu “testamento” espiritual, que inclui uma aspiração do mais íntimo de seu ser: “Pai, que todos sejam um!”
Este foi o título que o Papa João Paulo II escolheu para a Encíclica sobre o ecumenismo [1995], como preparação para o Jubileu do ano 2000. Logo na abertura, ele escreve: “Ut unum sint! O apelo à unidade dos cristãos, que o Concílio Ecuménico Vaticano II repropôs com tão ardoroso empenho, ressoa com vigor cada vez maior no coração dos crentes, especialmente quando já se aproxima o ano 2000, que será para eles Jubileu sagrado, comemoração da Encarnação do Filho de Deus, que Se fez homem para salvar o homem.
O testemunho corajoso de tantos mártires do nosso século, incluindo também membros de outras Igrejas e Comunidades eclesiais que não estão em plena comunhão com a Igreja Católica, dá nova força ao apelo conciliar, lembrando-nos a obrigação de acolher e pôr em prática a sua exortação. Estes nossos irmãos e irmãs, irmanados na generosa oferta das suas vidas pelo Reino de Deus, são a prova mais significativa de que todo o elemento de divisão pode ser vencido e superado com o dom total de si próprio à causa do Evangelho”.
Em apenas dois parágrafos, muito a notar! O Papa reconhece a existência de “mártires” – testemunhas da fé em Cristo – no seio de outros grupos cristãos não católicos. Igualmente, dá o nome de “Igrejas” a esses agrupamentos de cristãos. Não os chama de hereges, mas deixa entender algum grau de comunhão conosco, ainda que não seja uma “plena comunhão”. E, claro, aponta para a meta a ser atingida: vencer e superar todo elemento de divisão.
Quais seriam os “elementos de divisão” a serem superados? Em primeiro lugar, o ódio. O mesmo ódio que justificou “guerras de religião”, com vítimas do lado católico e do lado não católico. Mais perto de nós, hoje, estão a calúnia, o desprezo, a zombaria, a recusa do diálogo. Quem leu os evangelhos sabe que Jesus não nos deu nada disso como ferramenta de evangelização.
O Papa pergunta: “Poderão os cristãos recusar-se a fazer todo o possível para, com a ajuda de Deus, abater muros de divisão e desconfiança, superar obstáculos e preconceitos que impedem o anúncio do Evangelho da Salvação através da Cruz de Jesus, único Redentor do homem, de todo o homem?
Orai sem cessar: “Como é bom irmãos unidos viverem juntos!” (Sl 133,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Leitura do Evangelho de João, Cap. 17, 11-19
11 Já não estou no mundo; mas eles permanecem no mundo e eu volto a ti. Pai santo, guarda-os em teu nome que me deste, para que sejam um como nós. 12 Quando eu estava com eles, eu os guardava em teu nome que me deste; guardei-os e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para cumprir-se a Escritura. 13 Agora, porém, vou para junto de ti e digo isso no mundo, a fim de que tenham em si minha plena alegria. 14 Eu lhes dei a tua palavra, mas o mundo os odiou, porque não são do mundo, como eu não sou do mundo. 15 Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. 16 Eles não são do mundo como eu não sou do mundo. 17 Santifica-os na verdade; a tua palavra é verdade. 18 Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. 19 E, por eles, a mim mesmo me santifico, para que sejam santificados na verdade.
Palavra da Salvação.
Fonte: Bíblia de Jerusalém

