PARA QUEM FICARÁ O QUE ACUMULASTE? (Lc 12,13-21)
OS EVANGELHOSPRLC 12
Antonio Carlos Santini
8/3/2025
Alguém que se sente prejudicado pelo próprio irmão, em uma questão de herança, pede a mediação de Jesus. Para nosso espanto, Jesus se esquivou e ficou de fora da questão. Mas valeu-se da oportunidade para nos dar uma lição de vida.
É a parábola do “rico insensato” – sinônimo de “louco” – que gasta seu tempo em acumular bens materiais dos quais não chegará a gozar, pois sua morte é iminente.
Quem comenta é o monge André Louf: “É que a vida do homem não está em suas riquezas. Jesus insiste nisso. Estas riquezas aqui de baixo, a morte as ameaça incessantemente. Desde o seu interior, elas são roídas, minadas pela morte. Do lado de fora, à medida que o homem avança em idade, a sombra da morte se projeta sobre elas. E o homem que se apega às suas riquezas, que nelas se enraíza e se apega, abraça desde já a morte que elas carregam em si mesmas. Ele recebe delas um gosto de morte em sua boca e em seu coração, pois ali onde está o teu tesouro, ali está o teu coração, tanto faz ser pobre ou rico”.
Se assim é – para desgosto dos financistas e economistas -, onde está, então, a vida do homem? Que é que pode dar sentido à sua vida?
Continua André Louf: “A verdadeira vida do homem está em outra parte. Não se trata de acumular para si mesmo, egoisticamente, mas de ser rico em Deus. É para uma outra abundância, para outras riquezas, para uma vida diferente, que Jesus orienta o olhar de seu discípulo: ser rico, em Deus, de um tesouro que o tempo não ameaça, que a vida não corrói, que o ladrão não pode roubar; trata-se de uma vida que sobrevive à morte visível, que se projeta além deste tempo e que, neste mesmo instante, já é vida eterna”.
Ninguém deveria admirar-se disso. Basta levar em conta o exemplo de tantos convertidos – como Francisco de Assis, Charles de Foucauld e tantos outros – que, ao se encontrarem com Jesus, imediatamente abriram mãos de seus recursos materiais para viverem exclusivamente do grande amor que acabavam de encontrar...
Afinal, de que valem as moedas, as terras e as posses que não podem comprar uma vida permanente e definitiva?
Orai sem cessar: “Se alguém oferecesse todas as riquezas de sua casa
para comprar o amor, só mereceria desprezo!” (Ct 8,7b)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo
Leitura do Evangelho de São Lucas, Cap. 12, 13-21
13Alguém da multidão lhe disse: “Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança”. 14Ele respondeu: “Homem, quem me estabeleceu juiz ou árbitro da vossa partilha?” 15Depois lhes disse: “Precavei-vos cuidadosamente de qualquer cupidez, pois, mesmo na abundância, a vida do homem não é assegurada por seus bens”. 16E contou-lhes uma parábola: “A terra de um rico produziu muito. 17Ele, então, refletia: ‘Que hei de fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. 18Depois pensou: ‘Eis o que vou fazer: vou demolir meus celeiros, construir maiores, e lá hei de recolher todo o meu trigo e os meus bens. 19E direi à minha alma: Minha alma, tens uma quantidade de bens em reserva para muitos anos; repousa, come, bebe, regala-te’. 20Mas Deus lhe diz: ‘Insensato, nessa mesma noite ser-te-á reclamada a alma. E as coisas que acumulaste, de quem serão?’ 21Assim acontece àquele que ajunta tesouros para si mesmo, e não é rico para Deus”.
Texto da Bíblia de Jerusalém.
CRISTO EM CASA DE MARTA E MARIA
Henry Ossawa Tanner/ Sec. XIX
Óleo sobre Tela
Carnagie Museum of Art, Pittisburg, EUA

