
QUANTO MAIS O PAI DO CÉU! (Lc 11,5-13)
OS EVANGELHOSLC 11PR
Antonio Carlos Santini
10/9/2025
Os pais cuidam bem de seus filhos. Toda exceção é monstruosa. Para manter os filhos, os pais enfrentam duros trabalhos e situações penosas. Alguns até migram para buscar o emprego que não encontram em sua terra. Sacrifícios semelhantes são feitos para custear a educação da prole, para vestir os seus pequenos.
Quando fui para um colégio interno, aos dez e meio de idade, vi-me obrigado, pela primeira vez, a trocar o lápis por uma caneta. Eram “canetas-de-pau”, com pena metálica. Em um furo da carteira, o tinteiro de louça com a tinta preparada no próprio colégio. Devido à falta de hábito, minha primeira redação saiu toda borrada e rasurada, pois o excesso de pressão fazia a pena se abrir e manchar o papel.
Recebi de volta a primeira redação com uma observação mais ou menos assim: “Boas ideias. Podia ser melhor na apresentação.” E a nota: sete! Ora, sete, para mim, era uma nota vergonhosa. Furioso, escrevi para casa: “De que adianta ser filho do Carlos Santini, que nunca deveu nada a ninguém – frase típica de meu pai – se não tenho uma caneta decente para escrever?”
Um mês depois, recebo inesperada visita de meu pai. Tirou do bolso um pequeno embrulho e mo entregou. Abro o pacote e vejo uma caneta preta, importada, marca Esterbrook, daquelas que tinham uma “bomba” para retirar a tinta do vidro. E meu nome estava gravado na caneta.
Na hora, não pensei nas privações que meus pais teriam assumido para me dar o presente. Mas hoje, quando vejo a caneta que ainda mostro em minhas palestras sobre o amor de Deus, percebo que minha confiança no Pai celeste tem suas raízes na figura providente de meu pai da terra.
Refletindo sobre a casa de Nazaré, eu percebi também tudo quanto o jovem Jesus ficou devendo a José, enquanto modelo de homem, como presença providente, como referência educativa. Foi falando a José que Jesus aprendeu o nome do Pai do céu: Abbá, paizinho. Com esse nome, Jesus iniciaria cada uma de suas preces...
Agora, sim, podemos voltar ao Evangelho de hoje e entender sua mensagem. Se nós, humanos, nada bons, somos assim, quanto mais o nosso Pai do céu!...
Orai sem cessar: “Basta abrires a boca e te satisfarei!” (Sl 81,11)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo
Leitura do Evangelho de São Lucas, Cap. 11, 5-13
O amigo importuno —5Disse-lhes ainda: “Quem dentre vós, se tiver um amigo e for procurá-lo no meio da noite, dizendo: ‘Meu amigo, empresta-me três pães, 6porque chegou de viagem um dos meus amigos e nada tenho para lhe oferecer’, 7e ele responder de dentro: ‘Não me importunes; a porta já está fechada, e meus filhos e eu estamos na cama; não posso me levantar para dá-los a ti’; 8digo-vos, mesmo que não se levante para dá-los por ser amigo, levantar-se-á ao menos por causa da sua insistência, e lhe dará tudo aquilo de que precisa.
Eficácia da oração —9Também eu vos digo: Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto. 10Pois todo o que pede, recebe; o que busca, acha; e ao que bate, se abrirá. 11Quem de vós, sendo pai, se o filho lhe pedir um peixe, em vez do peixe lhe dará uma serpente?12Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? 13Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!”
Texto da Bíblia de Jerusalém.

