person holding white snow during daytime

SAL E LUZ (Mt 5,13-16)

Antonio Carlos Santini

6/10/2025

Neste trecho do Sermão da Montanha, Jesus se volta para seus discípulos – aquele germezinho ou sementeira da futura Igreja, encarregada de dar continuidade à missão do Mestre – e já os vê em processo de formação para salgar e iluminar a humanidade.

Uma comida sem sal não tem sabor. O pescado sem sal logo se corrompe. O seu poder purificador se manifesta quando o profeta Eliseu saneou com um punhado de sal as águas de uma fonte insalubre, que podiam matar ou tornar as mulheres estéreis (cf. 2Rs 2,19-22). O Levítico manda que todas as oblações no culto a Yahweh sejam salgadas, pois ao sal se atribuía uma virtude purificadora.

Os antigos associavam o sal à sabedoria, pois esta sabe “temperar” as palavras e as atitudes da pessoa. O antigo rito do batismo incluía depositar uma pitada de sal, previamente exorcizado, na boca do batizando, com as palavras: “Recebe o sal da sabedoria” (Accipe salem sapientiae). E o apóstolo Paulo exorta os cristãos de Colossos: “Vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal”. (Cl 4,6)

O papel da luz é realçado por S. Hilário de Poitiers: “É próprio da natureza da luz iluminar qualquer parte à qual seja levada, e que, introduzida nas casas, mate as trevas, dominando apenas a luz. Portanto, o mundo, sem o conhecimento de Deus, estava obscurecido pelas trevas da ignorância. Mas por meio dos apóstolos lhe foi comunicada a luz da ciência, e assim brilha o conhecimento de Deus, e por qualquer parte que caminhem, de seus pequenos corpos é ministrada a luz”.

Chama nossa atenção o fato de que o mesmo símbolo – a luz – se aplique tanto ao Mestre: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 9,5) quanto aos discípulos: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14). Assim como uma vela se aproxima do Círio pascal e se acende, formando uma só chama com ele, assim também o cristão que se une a Cristo torna-se com ele “concorpóreo” e, embora humano e limitado, pode agora participar da iluminação da sociedade humana.

Isto explica a irradiação inimaginável da obra dos apóstolos, sabidamente gente simples e sem doutorados. S. João Crisóstomo comenta: “Observa quão grandes são as coisas que [Jesus] lhes promete, àqueles homens que, desconhecidos em seu próprio país, adquiriram tamanha fama que, em pouco tempo, esta chegou aos confins da terra”.

Orai sem cessar: “Procedei como filhos da luz!” (Ef 5,9)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de São Mateus, Cap. 5, 13-16.

Sal da terra e luz do mundo —13Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que o salgaremos? Para nada mais serve, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. 14Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte. 15Nem se acende uma lâmpada e se coloca debaixo do alqueire, mas no candelabro, e assim ela brilha para todos os que estão na casa. 16Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus.

Fonte: Bíblia de Jerusalém

IMAGEM DE CAPA:

MOISÉS E AS TÁBUAS DA LEI

Rembrandt/ 1659

Gemäldegalerie, Berlim, Alemanha.

VOLTAR AO MENU PRINCIPAL:

LEIA MAIS CONTEÚDO SOBRE O EVANGELHO DE SÃO MATEUS: