a body of water surrounded by lush green trees

UM GRANDE BANQUETE... (Lc 5,27-32)

OS EVANGELHOSLC 5

Antonio Carlos Santini

3/8/20253 min ler

A Sagrada Escritura fala mais de banquetes que de jejuns. Lá está Abraão preparando um festim para os Três Visitantes. E a mesa farta que Lot oferece aos dois anjos visitantes. Ou o banquete oferecido pela Rainha Ester para a ruína do odioso Haman. E, em primeiríssimo plano, aquela Ceia inaugural em que Jesus institui a sagrada Eucaristia. E, coroando tudo, o banquete do fim dos tempos, quando o próprio Senhor, toalha na cintura, servirá pessoalmente a seus eleitos...

Bom sinal! Sinal de otimismo em relação à vida. Em suma, sinal de que a alegria é a nossa vocação de cristãos, e o jejum apenas faça contraponto com o júbilo e o louvor. Não admira que nosso principal sacramento seja celebrado em torno de uma mesa! Irmanados em torno da mesa comum, todos com o mesmo e democrático pedaço de pão, somos convivas do Senhor!

Há fome no mundo. Não algo eventual, como os sete anos de vacas magras que o Egito enfrentou no tempo de José, mas algo sistêmico, que resulta da própria natureza do capitalismo. Neste, o Senhor Mercado (com maiúsculas, pois é o ídolo de plantão!) dita as regras, indiferente à dor e à angústia de uma legião de famintos. Escolhido o lucro como o alvo principal, é impensável baixar o preço do trigo para que todos tenham acesso ao pão destinado a eles pelo Pai.

A partir do Séc. XIX, pelo menos, a sociedade se fez refém dos economistas. É deles o princípio cruel de que, primeiro, é preciso deixar o bolo crescer, para depois reparti-lo aos pobres. Pois não era assim no início da Igreja. Não havia pobres entre eles. Quem possuía bens, vendia tudo e partilhava, para que ninguém ficasse sem o mínimo essencial. Se necessário, recorriam a outras comunidades, tal como fez Paulo, ordenando uma coleta em Corinto em favor dos fiéis de Jerusalém (cf. 2Cor .

O magistério da Igreja não se cansa de chamar nossa atenção para os mais pobres. Já no Séc. IV, São Basílio de Cesareia ensinava: “Se cada um conservasse apenas o que se requer para as suas necessidades correntes e deixasse o supérfluo para os indigentes, a riqueza e a pobreza seriam abolidas.” (Homilia 6)

Em nosso tempo, é no mínimo um escândalo a desigualdade material entre os fiéis que participam do mesmo banquete eucarístico: enquanto alguns dissipam grandes valores em viagens e festas, o irmão a quem deram o abraço da paz, antes da comunhão, tem a energia elétrica cortada por falta de pagamento...

Não é este o banquete que Deus sonhou...

Orai sem cessar: “Felizes os convidados para a Ceia do Senhor!”

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de São Lucas, Cap. 5, 27-32

Vocação de Levi —27Depois disso, saiu, viu um publicano, chamado Levi, sentado nacoletoria de impostos e disse-lhe: “Segue-me!” 28E, levantando-se, ele deixou tudo e o seguia.

Refeição com os pecadores na casa de Levi —29Levi ofereceu-lhe então um grande banquete em sua casa, e com eles estava à mesa numerosa multidão de publicanos e outras pessoas. 30Os fariseus e seus escribas murmuravam e diziam aos discípulos dele: “Por que comeis e bebeis com os publicanos e com os pecadores?” 31Jesus, porém, tomando a palavra, disse-lhes: “Os sãos não têm necessidade de médico e sim os doentes; 32não vim chamar os justos, mas sim os pecadores, ao arrependimento”.

Texto da Bíblia de Jerusalém.

IMAGEM DE CAPA:

O HOMEM RICO E LÁZARO

Caspar van den Hoecke (1585-1648)

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