
UM HOMEM SEM O TRAJE NUPCIAL (Mt 22,1-14)
OS EVANGELHOSPRMT 22
Antonio Carlos Santini
8/21/2025
Desde o Antigo Testamento, a aliança com Deus é apresentada para nós na figura de um casamento. Este simbolismo chegou a seu ponto culminante nas bodas de Caná (cf. Jo 2), projetando-se elasticamente no livro do Apocalipse, onde se celebra em definitivo o festim nupcial do Cordeiro (cf. Ap 19,17).
A parábola do Evangelho começa em clima bem aceitável: os convidados ao banquete, muito ocupados em seus afazeres terrenos, rejeitam o convite para o festim. Mas a bondade do Rei é grande, e ele manda trazer (ou arrastar?!) pobres, mendigos e aleijados para deixar bem cheio o salão de festa. Inesperadamente, um dos convivas é lançado fora da festa sob a alegação de estar malvestido para a ocasião. Chocante! Como fica a misericórdia cristã?
O abade André Louf nos ajuda a ler esta passagem: “Existe uma resposta fácil, muitas vezes ouvida. Que consiste em dizer que a falta da roupa nupcial é sinal de uma negligência, uma infidelidade. Para entrar no Reino, seria preciso estar limpo e bem elevado. Mas a parábola não diz em lugar algum que o convidado expulso estava em roupa de trabalho ou de blue-jeans!
Não se trata de ter as mãos limpas para entrar no Reino, no qual Jesus diz em outra parte que os pecadores e as prostitutas irão preceder-nos. Ainda temos chance de estar entre os eleitos mesmo sendo pecadores, sob a condição de vestir, não um traje aqui de baixo, mas a única veste nupcial do Reino.
Qual será, pois, esta veste nupcial? São Paulo já nos disse: é a roupa nova do homem novo, criado em Jesus Cristo. Ela é Jesus Cristo. Necessitamos absolutamente despojar-nos do homem velho e de suas pretensões, tal como uma roupa usada, e revestir-nos, como de uma roupa novinha em folha, do próprio Jesus Cristo, a humildade de sua cruz e a força de sua ressurreição. O rei só tolera entre os convivas – se eles são bons ou maus, pouco importa! – aqueles que apresentam os traços de seu Filho. Aqueles que aceitam ser eleitos e bem-amados no único Eleito e no único Bem-Amado: Jesus.
E quais são os traços de Jesus? São Paulo os desenha em outra passagem: ‘Como eleitos de Deus e seus bem-amados, revesti-vos de terna compaixão, de bondade, humildade, doçura, paciência; perdoai-vos mutuamente; o Senhor vos perdoou’. (Cl 3,12-13). Esta é a veste nupcial, a única que Deus poderá reconhecer na hora do banquete. Esta é a veste que faz estremecer o coração de Deus.” Boa festa!
Orai sem cessar: “Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo!” (Rm 13,14)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Com. Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo
Leitura do Evangelho de São Mateus, Cap. 22, 1-14
Parábola do banquete nupcial —1Jesus voltou a falar-lhes em parábolas e disse:2“O Reino dos Céus é semelhante a um rei que celebrou as núpcias do seu filho. 3Enviou seus servos para chamar os convidados para as núpcias, mas estes não quiseram vir. 4Tornou a enviar outros servos, recomendando: ‘Dizei aos convidados: eis que preparei meu banquete, meus touros e cevados já foram degolados e tudo está pronto. Vinde às núpcias’. 5Eles, porém, sem darem a menor atenção, foram-se, um para o seu campo, outro para o seu negócio, 6e os restantes, agarrando os servos, os maltrataram e os mataram. 7Diante disso, o rei ficou com muita raiva e, mandando as suas tropas, destruiu aqueles homicidas e incendiou-lhes a cidade. 8Em seguida, disse aos servos: ‘As núpcias estão prontas, mas os convidados não eram dignos. 9Ide, pois, às encruzilhadas e convidai para as núpcias todos os que encontrardes’. 10E esses servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons, de modo que a sala nupcial ficou cheia de convivas. 11Quando o rei entrou para examinar os convivas, viu ali um homem sem a veste nupcial 12e disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem a veste nupcial?’ Ele, porém, ficou calado. 13 Então disse o rei aos que serviam: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o fora, nas trevas exteriores. Ali haverá choro e ranger de dentes’. 14Com efeito, muitos são chamados, mas poucos escolhidos”.
Texto da Bíblia de Jerusalém.

