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VINDE E VEDE! (Jo 1, 35-42)

OS EVANGELHOSJO 1

Antonio Carlos Santini

1/4/20253 min ler

Este duplo imperativo responde a uma pergunta de André e João: “Mestre, onde moras?” A resposta deixa claro que nada substitui a experiência do convívio, do encontro pessoal: “Vinde e vede!” De nada serviria aos dois futuros discípulos receber um manual descritivo ou o “curriculum vitae” de Jesus de Nazaré. Só a proximidade diária criaria vínculos definitivos entre o Mestre e os discípulos.

Na Carta apostólica “Porta Fidei” [A Porta da Fé], de outubro de 2011, propondo a toda a Igreja o “Ano da Fé”, o Papa Bento XVI afirmava: “Desde o princípio de meu ministério como Sucessor de Pedro, lembrei a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo”. (PF, 2)

Mais adiante, ao considerar que a própria razão humana traz inscrita em si mesma a exigência “daquilo que vale e permanece sempre”, o Papa acentuava que “esta exigência constitui um convite permanente, inscrito indelevelmente no coração humano, para caminhar ao encontro d’Aquele que não teríamos procurado se Ele mesmo não tivesse já vindo ao nosso encontro”. (PF, 10)

E aqui penso estar a grave falha dos pais, catequistas e pregadores de nosso tempo, quando falam sobre Jesus Cristo, mas não promovem nem facilitam esse encontro pessoal de suas ovelhas com o próprio Jesus. De que adiantam lições doutrinais e teses teológicas, cursos inteiros de catequese para pessoas que ainda não tiveram seu encontro pessoal com o Salvador?

Vejo o mesmo equívoco nas letras de cânticos para as celebrações, com verdadeiros discursos sobre as verdades da fé, mas sem a coragem de chamar a Deus de TU. Ou seja, cânticos que não são preces, mas tratados abstratos. São dirigidos ao intelecto, mas ignoram o coração dos fiéis.

Neste Evangelho, com duas palavras, Jesus convida os futuros discípulos ao convívio diário, à intimidade com o Mestre. São Marcos chega a dizer que só foram chamados – por enquanto – para “estar” com Jesus (cf. Mc 3,14). Ali bem perto, observariam as palavras e os gestos do Mestre; uma vez apaixonados por ele, todo o resto – inclusive a missão – seria mera consequência.

Em muitas paróquias, os jovens estão ausentes. Como explicar a ausência? Falta ali um repertório musical mais animado? Ou falta alguém que os leve ao encontro de Jesus, para que possam vê-lo e por ele se apaixonar? Onde acharemos um Dom Bosco para nossos dias? Onde estará a nova Chiara Lubich?

Orai sem cessar:Senhor, gosto da casa onde moras!” (Sl 26,8)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Leitura do Evangelho de São João, Cap. 1, 35-42

35 No dia seguinte, João se achava lá de novo, com dois de seus discípulos. 36 Ao ver Jesus que passava, disse: “Eis o Cordeiro de Deus”. 37 Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus. 38 Jesus voltou-se e, vendo que eles o seguiam, disse-lhes: “Que estais procurando?” Disseram-lhe: “Rabi (que, traduzido, significa Mestre), onde moras?” 39 Disse-lhes: “Vinde e vede”. Então eles foram e viram onde morava, e permaneceram com ele aquele dia. Era a hora décima, aproximadamente. 40 André, o irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram as palavras de João e seguiram Jesus. 41 Encontrou primeiramente Simão e lhe disse: “Encontramos o Messias (que quer dizer Cristo)”. 42Ele o conduziu a Jesus. Fitando-o, disse-lhe Jesus: “Tu és Simão, o filho de João; chamar-te-ás Cefas” (que quer dizer Pedra).

Texto da Bíblia de Jerusalém.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

IMAGEM DE CAPA:

VOCAÇÃO DE SÃO PEDRO E SANTO ANDRÉ

JUAN DE ROELAS / 1610

Museu de Belas Artes de Bilbao, Espanha

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