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COM QUE AUTORIDADE? (Mt 21, 23-27)

OS EVANGELHOSMT 21

Antonio Carlos Santini

12/16/20243 min ler

Um simples aprendiz de carpinteiro comenta as Escrituras e discute a Lei mosaica. Como se isto fosse pouco, cura os doentes e expulsa os demônios. Vai mais além: aponta os desvios cometidos pelos homens do Templo e pelos mestres da sinagoga. Chegará ao extremo de fazer uma limpeza radical no próprio Templo, expulsando cambistas e comerciantes da casa “do meu Pai”! De onde lhe vem tal autoridade?

“Ao colocar para Jesus esta interrogação, os anciãos e os sacerdotes estão no seu papel – comenta o biblista francês Hébert Roux. Eles são os representantes oficiais da autoridade legal. Ora, Jesus se recusa a justificar-se diante deles. Este é o ponto capital da passagem evangélica. Sua recusa já é uma resposta. Ele demonstra que não recebe sua autoridade dos homens e não tem de lhes prestar conta alguma: ele é o Senhor do sábado, o Senhor do Templo e da Lei.”

A resposta de Jesus vem na forma de uma pergunta. Uma pergunta que eles não conseguirão responder sem denunciarem a si mesmos: o batismo de João de onde vem? De Deus ou dos homens? As lideranças religiosas ignoraram a pregação de João. Mas temem o povo e não querem negar abertamente o sopro profético do Batizador. Por isso... “não sabem...”

“No fundo do coração – prossegue Hébert Roux – a sua reserva é equivalente a uma recusa, pois recusar-se a dizer sim quando Deus fala já é dizer não. Assim os adversários de Jesus condenam a si mesmos e perdem a possibilidade de conhecer a verdadeira autoridade de Jesus, que não se discute nem se demonstra, mas se reconhece somente na obediência da fé.”

Logo a seguir, como quem desce a uma situação concreta, Jesus vai contar uma parábola (Mt 21,28ss) onde entram em cena dois filhos: o primeiro diz NÃO, mas se arrepende e obedece ao pai. O outro diz SIM, mas sem nenhuma intenção de praticar o sim que proferira. Ao ouvi-la, os fariseus e anciãos saberão que eles são exatamente aquele que fingia o sim e vivia o não.

Nossa vida é um itinerário entre o SIM e o NÃO. Muitos começaram pelo NÃO, como Agostinho de Hipona, mas fizeram uma revisão de vida e obedeceram à voz de Deus. Também são muitos os que dizem um sim da boca para fora, mas seu coração endurecido é uma permanente recusa ao chamado de Deus. Em jogo, a vida eterna...

Orai sem cessar: “Serviremos ao Senhor e obedeceremos à sua voz!” (Js 24,24)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho segundo Mateus, Cap. 21, 23-27.

Pergunta dos judeus sobre a autoridade de Jesus —23 Vindo ele ao Templo, estava a ensinar, quando os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo se aproximaram e perguntaram-lhe: “Com que autoridade fazes estas coisas? E quem te concedeu essa autoridade?” 24 Jesus respondeu: “Também eu vou propor-vos uma só questão. Se me responderdes, também eu vos direi com que autoridade faço estas coisas: 25 O batismo de João, de onde era? Do Céu ou dos homens?” Eles arrazoavam entre si, dizendo: “Se respondermos ‘Do Céu’, ele nos dirá: ‘Por que então não crestes nele?’ 26 Se respondermos ‘Dos homens’, temos medo da multidão, pois todos consideram João como profeta”. 27 Diante disso, responderam a Jesus: “Não sabemos”. Ao que ele também respondeu: “Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas”.

Texto da Bíblia de Jerusalém.

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IMAGEM DE CAPA:

A ÁRVORE DE JESSÉ

O 'Holkham Bible Picture Book',

em francês anglo-normandês, com algum texto em inglês

Cerca 1327-1335

Códice de pergaminho

© Biblioteca Britânica, Londres, Reino Unido