E COMEÇOU A SERVI-LOS (Lc 4,38-44)
Antonio Carlos Santini
9/3/2025
Certa vez, na fronteira entre Samaria e Galileia, Jesus declarou curados dez leprosos e mandou que fossem ao Templo de Jerusalém, onde os sacerdotes lhes dariam um “atestado de saúde”. Com isso, poderiam regressar ao convívio social sem a pecha de sua “impureza” ritual. No caminho, viram-se curados. Apenas um – um estrangeiro – regressou para agradecer a Jesus, que se admirou com a ausência dos outros nove. Sem dúvida, a gratidão é uma bela maneira de agir, após a cura recebida.
Mas existe uma outra forma de aproveitar a cura recebida. No Evangelho de hoje, São Lucas narra como Jesus curou a sogra de Pedro, que sofria de uma febre aguda. Bastou uma ordem verbal e a febre a deixou. Vendo-se curada, a mulher se levantou e pôs-se a servir Jesus e sua comitiva.
Esta mulher anônima, como tantas outras personagens sem nome em todo o Evangelho, vem nos dar o melhor exemplo a ser imitado. Sua cura faz sentido, pois habilitou-a prestar serviço ao Mestre. Ao mesmo tempo, questiona nossas motivações mais profundas que nos levam a procurar por Jesus.
Por que, de fato, o procuramos? Só para estar bem? Só para ter paz? Só para garantir uma vaguinha no céu? Ou será – quem dera! - para nos pôr a serviço do Evangelho que buscamos a Cristo e pedimos sua força, a saúde física e todo o leque dos dons do Espírito Santo? Seria um desperdício receber a cura e o perdão para, em seguida, voltar a uma vida de mediocridade...
Depois de quarenta e seis anos de caminhada, dedicando a vida ao anúncio do Evangelho, olho para trás e percebo que Jesus surgiu em meu caminho para que eu assumisse uma missão. E mais: estou convencido de que não teria perseverado caso não tivesse abraçado a missão que me era oferecida.
Nossa missão é como uma âncora no navio: pesa, mas nos dá segurança e estabilidade. Quando nos colocamos a serviço dos irmãos, assumindo ministérios e tarefas na Igreja, nós recebemos graças adicionais para o seu desempenho. O próprio fato de assumir a missão, traz-nos uma crescente exigência de fidelidade e de coerência, o que acaba por fortalecer nossas disposições interiores.
Sim. Com certeza, o Senhor deseja curar-nos de nossas mazelas, libertar-nos de nossas cadeias, perdoar nossos pecados. Ao mesmo tempo, porém, ele deseja saber que é que nós faremos com esses dons...
O Senhor nos quer sadios e aptos a participar da edificação do Reino de Deus. Do contrário, continuar doente seria mais favorável à nossa salvação...
Orai sem cessar: “Ai de mim, se eu não evangelizar!” (1Cor 9,16)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo
Leitura do Evangelho de São Lucas,
Cap. 4, 38-44.
Cura da sogra de Simão —38Saindo da sinagoga, entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta, e pediram-lhe por ela. 39Ele se inclinou para ela, conjurou severamente a febre, e esta a deixou; imediatamente ela se levantou e se pôs a servi-los.
Diversas curas —40Ao pôr-do-sol, todos os que tinham doentes atingidos de malesdiversos traziam-nos, e ele, impondo as mãos sobre cada um, curava-os. 41De um grande número também saíam demônios gritando: “Tu és o Filho de Deus!” Em tom ameaçador, porém, ele os proibia de falar, pois sabiam que ele era o Cristo.
Jesus deixa secretamente Cafarnaum e percorre a Judéia —42Ao raiar do dia, saiu efoi para um lugar deserto. As multidões puseram-se a procurá-lo e, tendo-o encontrado, queriam retê-lo, impedindo-o que as deixasse. 43Ele, porém, lhes disse: “Devo anunciar também a outras cidades a Boa Nova do Reino de Deus, pois é para isso que fui enviado”. 44E pregava pelas sinagogas da Judéia.
Fonte: Bíblia de Jerusalém

