
ENTÃO SABEREIS QUE EU SOU... (Jo 8,21-30)
Antonio Carlos Santini
4/8/2025
Quando Jesus descansava na palha da manjedoura de Belém, era quase impossível identificar na frágil criancinha a sua divindade. Quando ele ajudava José na pobre oficina de Nazaré, dificilmente alguém perceberia a sua natureza divina no adolescente pobre. Quando, porém, Jesus foi cravado na cruz do Calvário, o centurião romano prontamente o reconheceu: “Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus!” (Mc 15,39)
É a cruz o “lugar” onde podemos identificar Jesus. As luzes do Tabor logo se apagam quando se cala a voz da nuvem. O estupor dos discípulos logo se desvanece quando as águas do lago voltam à calmaria. Mas é impossível ignorar a maneira como o Filho de Deus derramou seu sangue por nós...
Em sua discussão com os fariseus endurecidos na descrença, o próprio Jesus já tinha apontado para a solução do conflito: a cruz! Ele disse: “Quando vocês tiverem elevado o Filho do homem, então sabereis que Eu Sou...” Ora, “Eu Sou” é o nome de Deus, revelado a Moisés no episódio da sarça ardente (cf. Ex 3,14).
O Filho entregue pelo Pai, inestimável presente do Amor, é acolhido como pedra de tropeço, incômoda presença, motivo de argumentação e de exigência de sinais. Como diz Louis Bouyer, “o conflito terminará com a vitória aparente do poder das trevas, o qual age através de seus adversários, que ele mantém na escravidão. Mas este falso triunfo será, de fato, a sua derrota. O termo ‘elevar’, com o possível duplo sentido de crucificar ou exaltar, marca bem a confusão das trevas quando elas virem a Luz resplandecer da cruz onde elas acreditaram apagá-la. Este anúncio da Paixão é o primeiro que Jesus faz em público. Notaremos especialmente como São João anota, em seguida, que a glória de Cristo e sua Paixão são inseparáveis”.
O antigo hino litúrgico “Vexilla Regis” assim canta a vitória do Crucificado:
Avançam os estandartes do rei,
Brilha o mistério da cruz.
O Criador da carne, pela carne
É suspenso no madeiro.
Salve, ó altar! Salve, ó vítima,
Glória da paixão,
Pela qual a Vida levou à morte
E pela morte devolveu a vida!
Orai sem cessar: “Levanto os olhos para vós, que habitais nos céus.” (Sl 122,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Leitura do Evangelho de João, Cap. 8, 21-30.
21 Jesus disse-lhes ainda: “Eu vou e vós me procurareis e morrereis em vosso pecado. Para onde eu vou vós não podeis vir”. 22 Diziam, então, os judeus: “Por acaso, irá ele matar-se? Pois diz: ‘Para onde eu vou, vós não podeis vir’?” 23 Ele, porém, lhes dizia: “Vós sois daqui de baixo e eu sou do alto. Vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. 24 Disse-vos que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que EU SOU, morrereis em vossos pecados”. 25 Diziam-lhe então: “Quem és tu?” Jesus lhes disse: “O que vos digo, desde o começo. 26 Tenho muito que falar e julgar sobre vós; mas aquele que me enviou é verdadeiro e digo ao mundo tudo o que dele ouvi”. 27 Eles não compreenderam que ele lhes falava do Pai. 28Disse-lhes, então, Jesus: “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que EU SOU e que nada faço por mim mesmo, mas falo como me ensinou o Pai. 29 E quem me enviou está comigo. Não me deixou sozinho, porque faço sempre o que lhe agrada”. 30 Tendo ele assim falado, muitos creram nele.
Palavra da Salvação.
Fonte: Bíblia de Jerusalém
JESUS E A PECADORA
Andrey Miranov / 2011
Técnica Óleo sobre tela
Coleção Privada, Russia

