ESTÁS LIVRE! (Lc 13,10-17)
Antonio Carlos Santini
10/27/2025
Quando chamamos a Jesus de “Redentor”, estamos reconhecendo a sua missão de quebrar os elos da corrente, isto é, seu trabalho de Libertador – termo tão querido pelos teólogos da América Latina. Redentor é aquele que “redime”, ou seja, “recompra” e resgata o escravo na praça do mercado, rompendo os grilhões das correntes que o prendiam e escravizavam.
Quando o próprio Jesus especifica sua missão neste mundo, nunca falta uma referência à redenção ou libertação. Assim, em seu primeiro “sermão”, na sinagoga de Nazaré (cf. Lc 4,18ss), ele disse:
“O Espírito do Senhor repousa sobre mim,
porque me ungiu e me enviou
para anunciar a boa nova aos pobres,
para sarar os contritos de coração,
para anunciar aos cativos a redenção,
aos cegos a restauração da vista,
para pôr em liberdade os cativos,
para publicar o ano da graça do Senhor.”
Neste Evangelho, comparece à sinagoga dos judeus uma mulher enferma há 18 anos. O número 18 permite leitura simbólica: 6 representa o imperfeito, o inacabado (em oposição a 7, a perfeição). Ora 18 é igual a 6 x 3 (o imperfeito levado ao superlativo). Com a presença de Jesus, o “perfeito”, é chegada a hora de “completar” a experiência daquela mulher, libertando-a de seu mal.
Há protestos indiretos contra o Mestre de Nazaré, pois “trabalhara” no sábado, ao realizar a cura. Jesus traz à luz a hipocrisia de seus acusadores, estabelecendo um áspero contraste entre a mulher e as bestas (o boi e o jumento). Se até os animais irracionais merecem certos cuidados em pleno sábado, por que uma “filha de Abraão” deveria ser impedida de recobrar a saúde em nome do repouso sabático?
Fica uma lição evidente para nós: o amor se sobrepõe às normas e aos estatutos. Em nome das regras, pode esconder-se nossa preguiça e nosso comodismo. E a caridade urge. Não pode esperar. Jesus certamente pensa nisso quando recorda as palavras de Deus, por meio do profeta: “Eu quero a misericórdia, não o sacrifício.”
Ainda estamos sem pressa?
Orai sem cessar: “Consolai, consolai meu povo!” (Is 40,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo
Leitura do Evangelho de São Lucas, Cap. 13, 10-17.
Cura da mulher encurvada, em dia de sábado —10Ora, ele estava ensinando numa das sinagogas aos sábados. 11E eis que se encontrava lá uma mulher, possuída havia dezoito anos por um espírito que a tornava enferma; estava inteiramente recurvada e não podia de modo algum endireitar-se.12Vendo-a, Jesus chamou-a e disse: “Mulher, estás livre de tua doença”, 13e lhe impôs as mãos. No mesmo instante, ela se endireitou e glorificava a Deus. 14O chefe da sinagoga, porém, ficou indignado por Jesus ter feito uma cura no sábado e, tomando a palavra, disse à multidão: “Há seis dias para o trabalho; portanto, vinde nesses dias para serdes curados, e não no dia de sábado!” 15O Senhor, porém, replicou: “Hipócritas! Cada um de vós, no sábado, não solta seu boi ou seu asno do estábulo para levá-lo a beber? 16E esta filha de Abraão que Satanás prendeu há dezoito anos, não convinha soltá-la no dia de sábado?” 17Ao falar assim, todos os adversários ficaram envergonhados, enquanto a multidão inteira se alegrava com todas as maravilhas que ele realizava.
Fonte: Bíblia de Jerusalém


