
EU SOU A RESSURREIÇÃO! (Jo 11,19-27)
Sobre o Evangelho desta segunda-feira (29/07/2024)
OS EVANGELHOSJO 11
Lázaro morreu. Faz três dias inteiros. O evangelista deixa claro que Jesus esperou “de propósito” (cf. Jo 11,4) que seu amigo morresse antes de se dirigir para Betânia. O Mestre pretendia ensinar a mais importante de suas lições...
É no diálogo com Marta que a lição se desenvolve. Depois de ouvir a lamentação de Marta – “se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido!” -, Jesus se apresenta? “Eu sou a ressurreição e a vida. Crês nisso?”
Estamos diante do ponto focal da doutrina cristã: a ressurreição de Jesus Cristo. O apóstolo Paulo não hesitou em afirmar: “Se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem nenhum valor, e ainda estais nos vossos pecados” (1Cor 15,17)
A pergunta de Jesus devia merecer de todos nós uma resposta firme e categórica: “Sim! Eu Creio!” Nem sempre é assim...
Como comenta Louis Bouyer, “na situação paradoxal da alma de Marta que São João nos mostra, existe um ensinamento que é preciso trazer à luz. Frequentemente veem-se cristãos muito sinceros, muito íntegros, cuja fé é robusta, até muito pura, pois ela se mantém intacta nas trevas, mas é justamente deficiente por este lado: eles creem na luz, mas do mesmo modo como creriam na existência de um mundo ao qual jamais terão acesso, ou que eles pensam visitar somente em um tempo tão distante, que lhes aparece como irreal.”
Quando Jesus diz a Marta: “Teu irmão ressuscitará”, ela arremessa para o último dia toda esperança de ressurreição. Tal como os cristãos que manifestam uma firme certeza do mundo invisível, mas afastada deles, como se o mundo histórico que os envolve não pudesse ceder espaço ao outro mundo. É como se dissessem: “Deus pode tudo; Deus pode agir agora... mas não agirá...”
Louis Bouyer continua: “Eles podem crer de modo inabalável no mundo invisível; de fato, eles o representam como paralelo ao mundo visível, sem jamais se encontrar com ele. Eles têm a fé, uma fé enraizada profundamente, mas que jamais brota acima da raiz, a tal ponto está separada da esperança”.
Marta e Maria terão a “prova” daquilo que Jesus afirma sobre si mesmo: ser Ele a ressurreição e a vida. Até mesmo o defunto – o irmão Lázaro – terá a mesma comprovação. Das sombras do Xeol, ele ouvirá a voz forte que lhe diz: “Sai para fora!”
É a mesma voz que, hoje, séculos depois, nos convoca a sair da fé inativa, da fé acomodada, e começar desde já uma vida ressuscitada no Cristo Senhor.
Orai sem cessar: “Senhor, tu tornarás a dar-me a vida!” (Sl 71,20)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.


Imagem de Capa
A Ressurreição de Lázaro / James Martin / 2013
Material: Pastel em Papel
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