INFELIZES DE VÓS! (Mt 23, 13-22)
OS EVANGELHOSMT 23PR
Antonio Carlos Santini
8/25/2025
No Sermão da Montanha (Mt 5,1-11), Jesus pronunciou 9 bem-aventuranças 9 anúncios de ventura e felicidade para certos tipos de pessoas, uma autêntica “receita de felicidade”. Mas muita gente não gostou dessa receita, em que o Mestre elogia os pobres, os perseguidos, os que choram. Parece que a noção terrena de felicidade deve incluir riqueza, aplausos e muitas gargalhadas...
Agora, Jesus se volta ao polo oposto e emite 7 “mal-aventuranças”, para deixar claro que o Deus misericordioso não fica neutro e indiferente diante do mal. O foco destas “maldições” recai sobre a falta de correspondência entre uma religião exterior, fingida, e uma vida interior que desmente toda a aparência de justiça. Este descompasso entre intenção e gesto é conhecido como “hipocrisia”.
Nas cidades helenizadas da Galileia, ainda no tempo de Jesus, havia arenas onde os atores representavam seus papéis com o rosto coberto por máscaras. Esta é a etimologia da palavra “hipócrita” = aquele que está sob a máscara. É claro que o ator podia estar usando a máscara cômica e, no fundo de seu ser, estar triste. Ou estar chorando por fora, graças à máscara trágica em seu rosto, sem sentir nenhuma dor, nenhum “pathos” interior.
Só que o culto a Deus não pode ser um teatro. Neste Evangelho, Jesus verbera aquelas lideranças religiosas de seu tempo que exibem uma prática externa de religiosidade, mas o íntimo delas cheira mal pelo pecado e pela mentira.
Assim comenta Hébert Roux esta passagem do Evangelho de Mateus:
“Toda a verdade e autoridade destas palavras brotam do fato de que elas são pronunciadas pela própria boca daquele que fez ouvir o Sermão da Montanha. Jesus vem como Rei do Reino dos céus, proclamando pessoalmente a Boa Nova, e vem também como Juiz supremo dos vivos e dos mortos, a pronunciar a condenação de toda pretensão dos homens a serem justos fora da Sua justiça.”
Para H. Roux, Jesus não pretende provocar um “retorno” dos escribas e fariseus, pois eles já perderam a oportunidade de acolher o Messias. Chega a hora em que as “intenções e ações secretas” (cf. Rm 2,16) serão julgadas por Jesus Cristo. Assim, “por antecipação – afirma Roux -, estamos assistindo de algum modo ao juízo final, à revelação daquilo que estivera oculto até o presente”.
E nós? Vamos esperar pelo juízo final para abandonar a mentira e abraçar a Verdade?
Orai sem cessar: “Escolhi o caminho da verdade!” (Sl 119,30)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo
Leitura do Evangelho de São Mateus, Cap. 23, 13-22
Sete maldições contra os escribas e fariseus —13Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque bloqueais o Reino dos Céus diante dos homens! Pois vós mesmos não entrais, nem deixais entrar os que querem fazê-lo![14] 15Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito, mas, quando conseguis conquistá-lo, vós o tornais duas vezes mais digno da geena do que vós! 16Ai de vós, condutores cegos, que dizeis: ‘Se alguém jurar pelo santuário, o seu juramento não o obriga, mas se jurar pelo ouro do santuário, o seu juramento o obriga’. 17Insensatos e cegos! Que é maior, o ouro ou o santuário que santifica o ouro? 18Dizeis mais: ‘Se alguém jurar pelo altar, não é nada, mas se jurar pela oferta que está sobre o altar, fica obrigado’. 19Cegos! Que é maior, a oferta ou o altar que santifica a oferta? 20Pois aquele que jura pelo altar, jura por ele e por tudo o que nele está. 21E aquele que jura pelo santuário, jura por ele e por aquele que nele habita. 22E, por fim, aquele que jura pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está sentado.
Texto da Bíblia de Jerusalém.

