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MEU SENHOR ESTÁ DEMORANDO... (Lc 12,39-48)

OS EVANGELHOSPRLC 12

Antonio Carlos Santini

10/22/2025

O Evangelho de hoje nos convida a avaliar a atitude do servidor (ou gerente) que não levou muito a sério aquela velha história de que seu Patrão iria voltar e, motivado por esse desespero prático, resolveu seguir suas más inclinações, entregando-se à desordem, à violência e à embriaguez. Já que o Chefe não volta, entrego-me ao caos...

Só que o Patrão vai voltar, garante Jesus, e o mau gestor experimentará a exclusão (novo nome para o inferno!) e “a sorte dos infiéis”. Esta é a fé da Igreja desde seus primeiros dias.

Que é um “infiel”? Este adjetivo se refere evidentemente às noções de fé, fidelidade, confiança (na raiz de tudo, o termo latino “fides”). O infiel é alguém que se recusa a fiar, a confiar, a apostar na promessa de seu Senhor. No fundo, ele alimenta uma dúvida permanente: “Será? Será mesmo? E se não for verdade?...”

Chegamos até o refinamento de adotar a conhecida “dúvida metódica”: em princípio nada é verdade, nada merece fé. Duvidar é próprio do sábio. Ora, esta atitude cética, embora pareça inteligente, acaba por fechar o coração à esperança. Não posso concordar com Machado de Assis, que chamou a esperança de “divina mentira, dando ao homem o dom de suportar o mundo”. Nosso Deus, que se apresenta como o Deus da Verdade, jamais seria capaz de mentir a seu povo.

Após des-confiar de Deus, a pessoa humana já não confiará nos pais e nos mestres. Dificilmente refreará seus impulsos de destruição ou de fruição imediata, à espera de um bem futuro que deveria ser alimentado pela confiança.

Claro, o inimigo do homem sabe trabalhar neste espaço da dúvida, um chiaroscuro do cérebro humano, e semear sempre novas sementes de desconfiança. Ele já o fizera no Gênesis, ao sugerir ao primeiro casal que o Criador teria intenções ocultas que estavam por trás da única proibição: a da árvore da ciência do bem e do mal.

Não admira que a bandeira no niilismo se agite sobre os parlamentos, as academias e mesmo sobre os templos, pois não há nada a esperar – dizem seus corifeus.

Voz cada vez mais isolada, o salmista fiel ainda repete: “Espero no Senhor, minha alma espera na sua palavra”. (Sl 130,5)

Orai sem cessar: “És tu, Senhor, a minha esperança!” (Sl 71,5)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de São Lucas, Cap. 12, 39-48

39Compreendei isto: se o dono da casa soubesse em que hora viria o ladrão, não deixaria que sua casa fosse arrombada. 40Vós também, ficai preparados, porque o Filho do Homem virá numa hora que não pensais”. 41Então Pedro disse: “Senhor, é para nós que estás contando essa parábola ou para todos?” 42O Senhor respondeu: “Qual é, então, o administrador fiel e prudente que o senhor constituirá sobre o seu pessoal para dar em tempo oportuno a ração de trigo? 43Feliz aquele servo que o senhor, ao chegar, encontrar assim ocupado! 44Verdadeiramente, eu vos digo, ele o constituirá sobre todos os seus bens. 45Se aquele servo, porém, disser em seu coração: ‘O meu senhor tarda a vir’, e começar a espancar servos e servas, a comer, a beber e a se embriagar, 46o senhor daquele servo virá em dia imprevisto e em hora ignorada; ele o partirá ao meio e lhe imporá a sorte dos infiéis. 47Aquele servo que conheceu a vontade de seu senhor, mas não se preparou e não agiu conforme sua vontade, será açoitado muitas vezes. 48Todavia, aquele que não a conheceu e tiver feito coisas dignas de chicotadas, será açoitado poucas vezes. Àquele a quem muito se deu, muito será pedido, e a quem muito se houver confiado, mais será reclamado.

Palavra da Salvação.

IMAGEM DE CAPA:

CRISTO EM CASA DE MARTA E MARIA

Henry Ossawa Tanner/ Sec. XIX

Óleo sobre Tela

Carnagie Museum of Art, Pittisburg, EUA

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