NEM UM SÓ CABELO! (Lc 21,12-19)
OS EVANGELHOSPRLC 21
Antonio Carlos Santini
Jesus fala como o povo. Usa figuras do dia a dia, como lírios e pardais, redes e lamparinas, agulhas e camelos. Mescla todos os “mundos”: o feminino (com a massa de pão e os remendos da roupa velha) e o masculino (com os denários e os banquetes); o urbano (dos mendigos) e o rural (dos semeadores); o adulto (com os tribunais) e o infantil (com os folguedos na praça).
No Evangelho, Jesus fala de um fio de cabelo. Nada menor, mais insignificante! Aliás, mera excreção do organismo. Em outras passagens, Jesus fala das mãos (que vale a pena amputar, antes que perder o Reino!), dos olhos (atrapalhados por traves), dos ouvidos (que não querem ouvir), dos rins (que devem estar sempre cingidos, na prontidão para o caminho).
Hoje, quase microscopicamente, o Mestre chama a atenção para um simples “fio de cabelo”. Ele quer dizer que, mesmo em meio a perseguições orquestradas pelos sequazes do anticristo, entre maçonarias e cárceres, tiranos e régulos, podemos estar confiantes na divina proteção, pois “nem um fio de cabelo se perderá de vossa cabeça”.
Sem esta confiança, Paulo não enfrentaria a áspera oposição de seus compatriotas, Francisco Xavier não atravessaria oceanos naquelas casquinhas de noz que chamavam de “navios”. Sem a certeza de que o Senhor está ao lado, Maximiliano Kolbe não se ofereceria para morrer em lugar do outro condenado. Sem a convicção de que Deus caminha conosco, Madre Teresa não teria trocado a segurança de seu convento pela vida no sórdido lixão de Calcutá...
É verdade que nos iludimos por longo tempo. Chegamos a crer que a adesão ao Evangelho nos granjearia fama e poder, aplausos e benesses. Como servos de Deus, ocuparíamos lugar nos palanques do mundo, entre as autoridades civis, militares e... eclesiásticas. Graças a Deus, esse tempo passou. Acabou. Hoje, a mídia zomba da Igreja, crucifica os ministros de Jesus no calvário das manchetes. Prega um anti-evangelho feito de ódio e sarcasmo. A propaganda induz ao pecado. Os Parlamentos legitimam o aborto, chancelam a eliminação de nossos velhinhos. Daqui em diante, ninguém pedirá o batismo para lucrar. Ninguém abraçará o Cristo para se mascarar.
Agora, sabemos que o cristão vai contra a corrente, viaja na contramão. E, apesar disso, nem um fio de cabelo cairá de nossa cabeça – garante Jesus!
Orai sem cessar: “Aclamemos o rochedo que nos salva!” (Sl 95,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo
Leia aqui o Evangelho...
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas cap. 19, 1-10
Zaqueu —1E, tendo entrado em Jericó, ele atravessava a cidade.2Havia lá um homem chamado Zaqueu, que era rico e chefe dos publicanos. 3Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, pois era de baixa estatura. 4Correu então à frente e subiu num sicômoro para ver Jesus que iria passar por ali. 5Quando Jesus chegou ao lugar, levantou os olhos e disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa”. 6Ele desceu imediatamente e recebeu-o com alegria.
7À vista do acontecido, todos murmuravam, dizendo: “Foi hospedar-se na casa de um pecador!” 8Zaqueu, de pé, disse ao Senhor: “Senhor, eis que eu dou a metade de meus bens aos pobres, e se defraudei a alguém, restituo-lhe o quádruplo”. 9Jesus lhe disse: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque ele também é um filho de Abraão. 10Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido”.
Fonte: Bíblia de Jerusalém.
CRISTO EXPULSANDO OS MERCADORES DO TEMPLO
Holanda / 1570 / Peter Bruegel
Galeria Nacional da Dinamarca / Copenhagen/ Dinamarca


