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O AMOR E A GLÓRIA

Antonio Carlos Santini (Jo 13,31-33a.34-35)

5/18/2025

Este Evangelho que a Igreja nos apresenta no tempo pascal pode ser considerado como um “testamento”. De fato, ele está incluído entre as “últimas palavras” do Mestre a seus discípulos. A proximidade de sua morte iminente amplifica o valor e a urgência de suas palavras.

E Jesus vem falar de amor. E quando se refere à “glória” que se aproxima, sem dúvida ele pensa em sua entrega – por amor – e no sacrifício cruento da cruz. Glória e amor são inseparáveis. É que a glória do Pai consiste exatamente em perceber no Filho a capacidade de amar os homens ao preço da própria vida. O Pai é glorificado no amor do Filho...

Esta relação entre polos inseparáveis é realçada pelo monge André Louf, quando comenta: “A glória, ao mesmo tempo que o amor, pertence àquele intercâmbio fundamental entre o Pai e o Filho, como entre todos os pais e todos os filhos. De fato, no Evangelho, em duas oportunidades o Pai se dirigiu ao Filho; a primeira, para lhe declarar seu amor: ‘Tu és o meu Filho bem-amado; em ti está todo o meu amor’ (Mt 5,17); a segunda vez, para lhe prometer sua glória: ‘Eu te glorifiquei, e te glorificarei de novo’ (Jo 12,28)”.

“Esta glória do Pai – observa A. Louf – não é mais o privilégio exclusivo de Jesus. Ela está destinada a todos aqueles que irão crer em seu nome. Na oração sacerdotal, Jesus recordará a seu Pai como ele deu a seus discípulos a glória recebida dele, ‘a fim de que todos sejam um como o Pai e o Filho são um’ (Jo 17,22). A glória de Deus entre nós é fonte de comunhão, é segredo de amor. Por assim dizer, ela está encarnada e entregue no mandamento novo que Jesus deixa a seus discípulos: ‘Eu vos dou um mandamento novo, que vos ameis uns aos outros’ (Jo 13,34).”

Pena que a palavra “glória” tenha sido tão prejudicada, tão deteriorada. Em geral, o termo “glória” faz pensar nos aplausos para a banda de rock, na eleição de um escritor para a academia, ou no general vencedor que faz os vencidos desfilarem por baixo de uma canga de bois!

Em suma, a “glória de Deus nas alturas” quer descer “na terra sobre os homens por Ele amados” (cf. Lc 2,14). E uma vez experimentado este amor, os homens amados saberão amar; este derramamento universal do amor divino entre os homens é, exatamente, a glória de Deus, iluminando a cidade dos homens, que já não precisa de sol, nem de lua, pois o Cordeiro é sua lâmpada (cf. Ap 21,23).

Orai sem cessar: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações!” (Rm 5,5)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de João, Cap. 13, 1-15.

A despedida —31 Quando ele saiu, disse Jesus: “Agora o Filho do Homem foi glorificado e Deus foi glorificado nele. 32 Se Deus foi nele glorificado, Deus também o glorificará em si mesmo e o glorificará logo. 33 Filhinhos, por pouco tempo ainda estou convosco. Vós me procurareis e, como eu havia dito aos judeus, agora também vo-lo digo: Para onde vou vós não podeis ir. 34Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. 35Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros”.

Palavra da Salvação.

Fonte: Bíblia de Jerusalém

CRISTO LAVANDO OS PÉS DOS DISCÍPULOS

Paulo Veronese / década de 1580

Óleo sobre tela

139 x 283 cm

Galeria Nacional em Praga, República Tcheca.

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