
PASSOU A NOITE A ORAR... (Lc 6,12-19)
OS EVANGELHOSLC 6PR
Antonio Carlos Santini
9/9/2025
Jesus Cristo não era um homem “comum”. Homem verdadeiro, sim, mas também verdadeiro Deus. Por isso mesmo, somos inclinados a imaginar que, para ele, as coisas fossem mais fáceis do que são para nós.
Em sua natureza divina, Jesus de Nazaré teria – imaginamos nós, inocentemente – uma visão completa da situação, perceberia logo a saída para os impasses e teria resposta pronta para todos os problemas. Ledo engano. Ao se encarnar e assumir nossa natureza humana, o Filho de Deus abrira mão, voluntariamente, de suas prerrogativas divinas: agora, humano como nós, deverá “crescer” como todo filho do homem. Crescer plenamente no físico, no psíquico, no espiritual.
Por isso mesmo, não devemos admirar que, na iminência de escolher o primeiro grupo de seus apóstolos, Jesus Cristo tenha passado em vigília toda uma noite de oração, buscando aquelas luzes interiores necessárias a toda escolha. Ao recorrer ao Pai, em busca de luz e entendimento, Jesus manifesta sua total dependência em relação Àquele que o enviara a este mundo.
Sim, a oração é sinal de “dependência”. Toda pessoa que reconhece seus limites de criatura, acode prontamente ao Criador. O filho obediente não age sem antes obter a aprovação do pai. E Jesus Cristo é, por excelência, esse Filho submisso, obediente aos desígnios de seu Pai.
Aliás, aqui mesmo está o nosso grande problema. Nós vivemos cheios de impulsos personalistas, preferências próprias, gostos pessoais. Pior ainda, ousamos chamar tudo isso de “inspiração”. Nós costumamos tomar sérias decisões que determinarão todo o nosso futuro (casar-se? / ter filhos? / assumir uma profissão? / mudar de emprego?) sem um tempo suficiente de oração, discernimento e orientação.
Bem, é que nós nos sentimos muito seguros, não é? Nós nos bastamos. Confiamos em nosso taco... Assim sendo, não precisamos rezar, não é? E lá vamos nós por caminhos tortuosos, dando trombadas e atropelando pessoas, fundamentados apenas em nosso infalível instinto de... pecadores...
O exemplo de Jesus deve animar-nos a corrigir diariamente a nossa rota. Abrir mão de nossa autossuficiência. Reconhecer nossa extrema dependência. Orientar de novo nossa vida para Deus e buscar as luzes do Espírito Santo. Este Espírito de sabedoria é quem pode ensinar-nos todas as coisas, mostrar-nos toda a verdade (cf. Jo 16,13).
Quanto tempo de nosso dia temos dedicado à oração?
Orai sem cessar: “O Senhor preservará teu pé de toda cilada.” (Pr 3,26)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo
Leitura do Evangelho de São Lucas, Cap. 6, 12-19
Escolha dos Doze —12Naqueles dias, ele foi à montanha para orar e passou a noite inteira em oração a Deus. 13Depois que amanheceu, chamou os discípulos e dentre eles escolheu doze, aos quais deu o nome de apóstolos: 14Simão, a quem impôs o nome de Pedro, seu irmão André, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, 15Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Simão, chamado Zelota, 16Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que se tornou um traidor.
As multidões seguem a Jesus —17Desceu com eles e parou num lugar plano, onde havia numeroso grupo de discípulos e imensa multidão de pessoas de toda a Judéia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e Sidônia. 18Tinham vindo para ouvi-lo e ser curados de suas doenças. Os atormentados por espíritos impuros também eram curados. 19E toda a multidão procurava tocá-lo, porque dele saía uma força que a todos curava.
Texto da Bíblia de Jerusalém.

