man in white and black jacket and pants sitting on black surface

QUEM DIZEIS QUE EU SOU? (Lc 9,18-24)

Antonio Carlos Santini

6/21/2025

Neste Evangelho, mostra-se à luz do dia o contraste entre a multidão e o discípulo. A turba levanta hipóteses sobre Jesus, mas não o conhece. O discípulo, acima da carne e do sangue, sabe identificar o Mestre.

Eis a reflexão de André Louf: “Somente aquele que é discípulo conhece a Jesus em sua identidade profunda. O discípulo – isto é, aquele que deixou tudo para segui-lo, que caminha com ele, que vive em sua intimidade e que, como ele, não tem uma pedra onde repousar a cabeça. Só esta proximidade de cada dia, de cada hora, entreabre a porta do conhecimento de Jesus.

Mas é preciso não se enganar. Bem disse Pedro: o Messias de Deus. E Jesus não recusa essa identidade. Mas Pedro sabe exatamente o que isso significa? Quem é esse Messias de Deus? Tão logo ele pronunciou este nome prestigioso, Jesus intervém para proibir que ele seja revelado. ‘Primeiro – acrescenta ele – é preciso que o Filho do homem sofra muito, que ele seja rejeitado pelos anciãos, que seja morto e, ao terceiro dia, ressuscite’.

Está claro que Pedro não pensava em tudo isto quando saudou Jesus com o nome de Messias. Ao menos por enquanto, ele não o saberia compreender, nem anunciar. Mais tarde ele o compreenderá. Quando o Messias tiver completado sua corrida, quanto tiver atravessado o sofrimento e a morte, quando for elevado sobre a cruz e, através da cruz, o Pai o tiver salvado e revestido de glória.

Mas será necessário algo a mais por parte de Pedro. Por sua vez, Pedro deverá ter caminhado sobre o mesmo caminho, ter carregado a mesma cruz. Para compreender a Deus, não há outro caminho a não ser Jesus crucificado. E não há outro caminho para compreender Jesus crucificado a não ser a cruz. A cruz só pode ser compreendida pela cruz, isto é, por aquele que a carrega, que a leva, por sua vez, atrás de Jesus.”

Não é uma pequena conversão, não é um breve trajeto aquele que nos permite abrir mão da imagem sonhada de um Messias glorioso, um Cristo vencedor, de cuja glória participaremos todos. Bem antes, vem o áspero tempo da cruz, a trilha do Calvário, o único lugar onde o Mestre e o discípulo chegam à verdadeira comunhão.

Sim, há grupos cristãos pregando a felicidade aqui na Terra e o fim de todo sofrimento. Deveriam aprender com Pedro...

Orai sem cessar: “Que eu me glorie somente na cruz de Cristo!” (Gl 6,14)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de São Lucas, Cap. 9, 18-24

Profissão de fé de Pedro —18 Certo dia, ele orava em particular, cercado dos discípulos, aos quais perguntou: “Quem sou eu, no dizer das multidões?” 19Eles responderam: “João Batista; outros, Elias; outros, porém, um dos antigos profetas que ressuscitou”. 20Ele replicou: “E vós quem dizeis que eu sou?” Pedro então respondeu: “O Cristo de Deus”. 21Ele, porém, proibiu-lhes severamente de anunciar isso a alguém.

Primeiro anúncio da paixão —22E disse: “É necessário que o Filho do Homem soframuito, seja rejeitado pelos anciãos, chefes dos sacerdotes e escribas, seja morto e ressuscite ao terceiro dia”.

Condições para seguir a Jesus —23Dizia ele a todos: “Se alguém quer vir após mim,renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me. 24Pois aquele que quiser salvar a sua vida vai perdê-la, mas o que perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará.

Texto da Bíblia de Jerusalém.

IMAGEM DE CAPA:

ÍCONE DA TRANSFIGURAÇÃO

Autor Desconhecido / cerca de 1516

Monastério da transfiguração, Bulgária

VOLTAR AO MENU PRINCIPAL:

LEIA MAIS CONTEÚDO SOBRE O EVANGELHO DE SÃO LUCAS: