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QUEM OLHA PARA TRÁS... (Lc 9,57-62)

Antonio Carlos Santini

10/1/2025

Nós somos humanos. No entusiasmo do primeiro amor, assumimos prontamente o compromisso de evangelizar. Aquela profunda pulsação que vibra em nós, queremos que outros a experimentem em sua vida.

Mas continuamos sempre humanos. Logo se apresentam as barreiras, dificuldades inesperadas, as mais duras incompreensões. Somos tentados a desanimar e abandonar tudo. Assim, a imagem empregada por Jesus define bem a situação: pôr a mão no arado e... olhar para trás...

Quando nós lemos a vida dos santos, descobrimos com certa surpresa que todos eles passaram por essa mesma encruzilhada. E não era para menos... São João Bosco sente o chamado para estender a ação de sua Congregação para outros países, mas enfrenta a oposição direta de seu bispo. Só lhe resta obedecer. São José de Calasanz é caluniado gravemente por dois de seus sacerdotes. Roma manda fechar a sua Obra. O Santo obedece e morre. Só após sua morte as Escolas Pias seriam reabertas e se espalhariam pelo mundo. Também São Francisco de Assis vê sua Ordem dominada pelos “doutores” e é praticamente aposentado nas montanhas geladas.

Certamente, todos eles foram perseverantes e não abandonaram o seu arado. Mas sabemos perfeitamente que sofrimentos íntimos precisaram enfrentar! É assim que acontece igualmente quando os casais enfrentam as dificuldades do casamento e são tentados a romper o juramento prestado diante de Deus e da Igreja. Acontece, ainda, com os estudantes que se sentem incapazes de atender às exigências dos professores. Acontece igualmente com os educadores e os profissionais da saúde que trabalham sem as mínimas condições materiais. Acontece, enfim, com os doentes crônicos ou já em fase terminal, normalmente rondados pelos terríveis fantasmas do desespero.

A todos eles, Jesus está dizendo em tom suave, mas sério: “Não olhe para trás! Você não está sozinho! Abrace firme a sua cruz e sinta a minha presença do seu lado... Estaremos juntos até o fim...”

O Papa João Paulo II foi até o fim em sua missão. Quando sugeriram que deixasse a Cátedra de Pedro, devido aos graves problemas de saúde que enfrentava, ele disse: “O Papa não pede demissão.” E o apóstolo Paulo escreveu na mesma linha: “Consciente de não ter ainda conquistado a meta, só procuro isto: prescindindo do passado e atirando-me ao que resta para a frente, persigo o alvo, rumo ao prêmio celeste, ao qual Deus nos chama, em Jesus Cristo.” (Fl 3, 13-14.)

Orai sem cessar: “O Senhor não há de abandonar a sua herança.” (Sl 94,14)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de São Lucas, Cap. 9, 57-62

Exigências da vocação apostólica —57Enquanto prosseguiam viagem, alguém lhe disse na estrada: “Eu te seguirei para onde quer que vás”. 58Ao que Jesus respondeu: “As raposas têm tocas e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. 59Disse a outro: “Segue-me”. Este respondeu: “Permite-me ir primeiro enterrar meu pai”. 60Ele replicou: “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus”. 61Outro disse-lhe ainda: “Eu te seguirei, Senhor, mas permite-me primeiro despedir-me dos que estão em minha casa”. 62Jesus, porém, lhe respondeu: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus”.

Texto da Bíblia de Jerusalém.

IMAGEM DE CAPA:

TRANSFIGURAÇÃO

Duccio / 1311

Galeria Nacional, Londres, Reino Unido.

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