
TODOS REUNIDOS NO MESMO LUGAR (At 2,1-11)
PRAT 2LEITURAS DA LITURGIA
Antonio Carlos Santini
No Pentecostes do ano 2010, o Papa Bento XVI pregava:
“A narração de Pentecostes no livro dos Atos dos Apóstolos – ouvimo-lo na primeira leitura - apresenta o "novo curso" da obra de Deus, encetado com a ressurreição de Cristo, obra que envolve o homem, a história e o cosmos. Do Filho de Deus morto e ressuscitado, que voltou para o Pai, emana agora sobre a humanidade com energia inédita o sopro divino, o Espírito Santo.
E o que produz esta nova autocomunicação de Deus? Onde há lacerações e estranhezas, ela cria unidade e compreensão. Tem início um processo de reunificação entre as partes da família humana, divididas e dispersas; as pessoas, às vezes reduzidas a indivíduos em competição ou em conflito entre si, alcançadas pelo Espírito de Cristo, abrem-se à experiência da comunhão, que pode empenhá-las a ponto de fazer delas um novo organismo, um novo sujeito: a Igreja.
Este é o efeito da obra de Deus: a unidade; por isso, a unidade é o sinal de reconhecimento, o "cartão de visita" da Igreja no curso da sua história universal. Desde o início, do dia do Pentecostes, ela fala todas as línguas. [...]. A Igreja nunca permanece prisioneira de confins políticos, raciais ou culturais; não se pode confundir com os Estados e nem sequer com as Federações de Estados, porque a sua unidade é de outro tipo e aspira a atravessar todas as fronteiras humanas.
Disto deriva um critério de discernimento para a vida cristã: quando uma pessoa ou comunidade se fecha no seu próprio modo de pensar e agir, é sinal que se afastou do E. Santo. O caminho dos cristãos e das Igrejas particulares deve confrontar-se sempre com o da Igreja, una e católica, e harmonizar-se com ele. Não significa que a unidade do E. Santo seja uma espécie de igualitarismo. Pelo contrário, este é sobretudo o modelo de Babel, ou seja, a imposição de uma cultura da unidade que poderíamos definir "técnica". Com efeito, a Bíblia diz-nos (cf. Gn 11,1-9) que em Babel todos falavam uma só língua.
Ao contrário, em Pentecostes os Apóstolos falam línguas diferentes, de modo que cada um compreenda a mensagem no seu próprio idioma. A unidade do Espírito manifesta-se na pluralidade da compreensão. A Igreja é por sua natureza una e múltipla, destinada como está a viver em todas as nações, em todos os povos e nos mais diversificados contextos sociais. Ela responde à sua vocação, de ser sinal e instrumento de unidade de todo o gênero humano, apenas se permanecer autônoma de qualquer Estado e de toda a cultura particular.”
Orai sem cessar: “Como é bom e agradável os irmãos viverem unidos!” (Sl 133)
Apresentação de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança

Escute a reflexão no vídeo abaixo
Leitura do Livros dos Atos dos Apóstolos 2, 1-11.
Pentecostes —1Tendo-se completado o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. 2De repente, veio do céu um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuoso, que encheu toda a casa onde se encontravam. 3Apareceram-lhes, então, línguas como de fogo, que se repartiam e que pousaram sobre cada um deles. 4E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia se exprimissem. 5Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos vindos de todas as nações que há debaixo do céu. 6Com o ruído que se produziu a multidão acorreu e ficou perplexa, pois cada qual os ouvia falar em seu próprio idioma. 7Estupefatos e surpresos, diziam: “Não são, acaso, galileus todos esses que estão falando? 8Como é, pois, que os ouvimos falar, cada um de nós, no próprio idioma em que nascemos? 9Partos, medos e elamitas; habitantes da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, 10da Frigia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia próximas de Cirene; romanos que aqui residem; 11tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, nós os ouvimos apregoar em nossas próprias línguas as maravilhas de Deus!”
Fonte: Bíblia de Jerusalém
PENTECOSTES
El Grecco / 1600
Museu do Prado, Madri, Espanha
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